quarta-feira, 22 de outubro de 2008

O Método Dialógico no processo de ensino e aprendizagem da disciplina de Filosofia, Caso Escola Secundária Samora Machel-Beira, Moçambique

Resumo do Relatório de Práticas Pedagógicas apresentado à Universidade Pedagógica; Delegação da Beira; Faculdade de Ciências Sociais; Departamento de Filosofia, para a obtenção do grau académico de Bacharel em Ensino de Filosofia.
A Presente dissertação, dispõe a esclarecer o percurso das Práticas Pedagógicas realizadas entre o ano 2004 e 2006 e o conceito de Método Dialógico no Processo de Ensino e Aprendizagem da Disciplina de Filosofia, como um procedimento metodológico fundamental para o ensino de Filosofia.


Perante a problemática actual do ensino de Filosofia, face as metodologias de ensino que se prende pelo uso do método expositivo dogmático, que por conseguinte transforma os alunos em tábulas rasas, é objectivo do trabalho, mostrar que a finalidade do diálogo socrático é a catarse e a educação para o autoconhecimento. Partindo do princípio de que dialogar é submeter a uma lavagem da alma e a uma prestação de contas, portanto, o mesmo explica-se pelo facto de despojar no discípulo, a sua falsa ilusão do saber, fragilizando a sua vaidade e permitindo que se livre de falsas crenças e por si só, extrair a verdade lógica que está dentro de si. Aqui, a aprendizagem é centrada no aluno e não no professor, o professor é um simples orientador de aprendizagem.

A motivação para a escolha deste tema, o Método Dialógico no Processo de Ensino e Aprendizagem da Disciplina de Filosofia, partiu da tentativa de compreender os métodos que influenciam a fraca participação dos alunos na sala de aula, durante o período em que assisti as aulas. E, também como tentativa de explicar um outro procedimento metodológico, o dialógico, que para mim responde ao carácter da disciplina de Filosofia, embora não duma forma dominante, mas resolve o problema de forma didáctica.

O trabalho está dividido em quatro partes:
Na primeira parte, que é Prática Pedagógica-1 realizada em 2004 na Escola Primária Completa de Esturro, procuro esclarecer a questão de organização escolar no que concerne aos aspectos físicos, institucionais, administrativos e pedagógicos, para além de descrição de organigrama da escola;

Na segunda parte, que é Prática Pedagógica-2, realizada em 2005 na Escola Secundária e Pré-Universitária Samora Moisés Machel, retrato questões relativas à assistência de aulas que é um dos factores importantes e fundamentais para a formação do professor, que se objectiva pela tomada de consciência da realidade exterior e interior da instrução escolar;

Na terceira parte, que é Prática Pedagógica-3 que subdivide-se em duas fases, nomeadamente, a primeira fase que versa o estudo e análise do programa e do manual de ensino de Filosofia, bem como o estudo analítico confrontativo destes instrumentos, como forma de conhecer os meios didácticos e identificar os possíveis erros e prever as possíveis metodologias para a solução dos mesmos durante o processo de ensino e aprendizagem. A segunda fase, que é o estágio, concebido como a componente integrante do processo educacional que articula o ensino, pesquisa e extensão, tríade esta que privilegia o desenvolvimento de acções que visam a formação integral, através de um treinamento por meio de convivência prática das actividades de docência. Aqui procuro descrever o contexto teórico-prático e evidenciar a questão de treinamento de leccionação, como um potencial educativo da motivação intrínseca entre a acção cognitiva e afectiva da realidade e da sensibilidade;

A quarta parte, exponho o Método Dialógico no Processo de Ensino e Aprendizagem da Disciplina de Filosofia, que é o tema e objecto do trabalho a partir de raízes socráticas. Aqui evidencio a polémica que trouxe na didáctica das ideias, que por um lado assume humildemente a atitude de quem aprende a confissão da sua ignorância, portanto a ironia e, por outro procede o processo pedagógico que em memória da profissão da mãe, Sócrates denomina maiêutica ou engenho abstrícia do espírito, que facilita a parturiação das ideias.

Termino o relatório com as minhas considerações finais.
Na Prática Pedagógica- 3, realizada na que é o treinamento de leccionação, portanto o ensino, propõe-se outros procedimentos metodológicos que de alguma forma, melhoram a participação dos alunos na sala de aulas. E neste caso dá-se ênfase ao Dialógico, Expositivo aberto e Elaboração Conjunta, como métodos que procuraram incentivar e manter os alunos em atitude reflexiva e impulsionam o processo de aprendizagem dos alunos, através de eliminação de todos os conteúdos não compreendidos, retidos na memória e valorização de conhecimentos adormecidos nos alunos e promoção de um bom relacionamento entre os alunos.


Devido ao carácter da disciplina e como tentativa de dar resposta à questão de fraca participação dos alunos durante o processo de ensino e aprendizagem, o trabalho aborda o Método Dialógico no Processo de Ensino e Aprendizagem na Disciplina de Filosofia, como forma de proporcionar uma melhor interacção entre o professor e os alunos e, por conseguinte visar a obtenção de novos conhecimentos, habilidades, atitudes e convicções, bem como a fixação e consolidação de conhecimentos.
MÉTODO DIALÓGICO NO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM DA DISCIPLINA DE FILOSOFIA

O processo de ensino e aprendizagem é uma actividade de mediação pela qual são providas as condições e os meios para os alunos se tornarem sujeitos activos na assimilação de conhecimentos. Neste contexto, o conceito de método dialógico no processo de ensino e aprendizagem na disciplina de Filosofia, é uma forma de interacção activa entre o professor e os alunos, visando a obtenção de novos conhecimentos, habilidades, atitudes e convicções, bem como a fixação e consolidação de conhecimentos.

Este método, logo a priori, como se pode depreender, exige por parte dos alunos a époché[1] e não só, a conversa entre duas pessoas competentes, que discorrerão diante da turma, em tom amigável, mas profunda e comunicativamente, a respeito de um tema específico de interesse de todos. As pessoas que entabularão o diálogo podem ser dois especialistas para isso convidados, ou mesmo dois alunos adequadamente orientados.

O diálogo deve ser o mais informal e espontâneo possível, mas, para que seja dispersivo aconselha-se o seguimento de um esquema previsto, bastante flexível.

Na disciplina de Filosofia, o método dialógico orienta-se dentro dos padrões da didáctica contemporânea que se assenta na “aquisição de destrezas intelectual e formação de atitudes, numa postura crítica que assume a crise do saber filosófico” (MARNOTO;1989: 275). Portanto, o ensino de filosofia não tem por objecto de estudo os textos, pois a leitura filosófica ultrapassa os textos propiciando o pensar. Uma aula de filosofia coloca-se como uma verdadeira aprendizagem do exercício de pensar.


Luis Oliveira Capitine


A Pós-Modernidade de Gianni Vattimo no contexto de Multiplicação dos mass medias, caso Africa

Resumo da Monografia científica, apresentado na Universidade Pedagógica, Departamento de Filosofia. Delegação da Beira, para a obtenção do grau acadêmico de Licenciatura em Ensino de Filosofia.
A Pós-Modernidade de Gianni Vattimo, é a passagem do conceito moderno de unidade ao pós-moderno de multiplicidade, do monocentrismo ao policentrismo, que abre as portas a uma razão tolerante. O seu sentido está ligado ao facto de que, a sociedade em que vivemos ser uma sociedade de comunicação generalizada, a sociedade dos mass media. Na sociedade de comunicação generalizada verifica-se a intensificação dos fenómenos comunicativos, o aumento da circulação das informações e até à simultaneidade de reportagem televisiva em directo. Isso faz com que haja a libertação de visões do mundo, a emancipação das minorias culturais para serem ouvidas e cria-se obviamente um espaço público para se manifestarem. É o período em que a modernidade se esgota, pelo facto de verificar-se mudanças sociais desorientadas devido ao declínio de alguns aspectos essenciais e, por outro, assistir-se a proliferação e contaminação das tecnologias de informação, que obviamente criam bases peculiares para a implantação da globalização e consumismo.

Vattimo, concebe a “pós-modernidade” como uma experiência do fim da história, isto é a concepção moderna de conceber a história como curso unitário e progresso dos eventos à luz da equação que evidencia o novo como o melhor. Na sua hipótese, a modernidade termina, quando por múltiplas razões já não é possível falar da história como qualquer coisa unitária. Porque falar da história como qualquer coisa unitária, implica a existência de um “centro” em torno do qual se recolhem e se ordenam os acontecimentos, neste caso, o ocidente que representa o lugar da civilização e fora dele, “os primitivos” que são povos em via de desenvolvimento, que pela lógica de destino são condenados a seguir a civilização do Ocidente. Vattimo afirma que, a crise da ideia de história traz consigo a crise da ideia de progresso. Se não há um curso unitário dos acontecimentos humanos, também não se poderá sustentar que eles avançam para um fim, que realizem um plano racional de melhoramento, educação e emancipação.

A modernidade africana equivale à tradição, mas não descura a razão como a essência do desenvolvimento da tradição. Para Ngoenha falar da tradição, equivale normalmente estabelecer uma verdadeira amálgama de costumes, de práticas, de ideias, de crenças, todas desvalorizadas e muitas vezes rejeitadas fora dos limites da razão, isto é, classificadas de obscurantismo. A modernidade para o africano, rompeu o mundo sagrado que era ao mesmo tempo natural e divino, transparente à razão e criado. Ela impôs a separação de um sujeito descido do céu a terra, por um sujeito humanizado do mundo dos objectos e manipulado pela técnica, substituiu também a unidade de um mundo criado pela vontade divina pela razão. Para o africano, a modernidade não repousa sobre um princípio único e menos ainda sobre a simples destruição dos obstáculos ao reinado da razão, ela é feita do diálogo entre razão e sujeito.

Segundo Ngoenha, para se ultrapassar o conflito tradição/modernidade, do qual o homem da África parece estar prisioneiro, deve-se resgatar o pensamento africano através da exaltação de uma mesma resposta, que a favorece de se libertar e de se reencontrar com a sua capacidade criativa.